Editorial
Somos menos 18,8 mil
Doze anos depois do último retrato existente até então sobre a sociedade brasileira, o IBGE divulgou ontem os resultados de um novo Censo Demográfico. Ainda sem todo o detalhamento que uma pesquisa como essa oferece, a publicação dos primeiros dados já confirma algumas tendências que vinham sendo apontadas pelas prévias. A principal delas diz respeito à redução da população em muitas cidades da Zona Sul.
Caminhando no sentido contrário ao que se deu no Rio Grande do Sul e no Brasil, cujo número de pessoas aumentou e chegou a 10,8 milhões e 203 milhões, respectivamente, a região encolheu. De 2010 para cá, passamos a ser 18,8 mil moradores a menos. E nem Pelotas e Rio Grande, principais expoentes do sul do Estado em termos econômicos, educacionais e saúde, por exemplo, escaparam dessa redução. No caso pelotense, o Censo indica serem hoje 325,6 mil, cerca de 2,5 mil a menos que no levantamento anterior. Já os rio-grandinos, mesmo com a cidade sendo menos populosa, viram mais gente deixar a cidade. O dado atual indica 191,9 mil moradores, uma redução de 5,3 mil.
Apesar disso, o caso que mais chama atenção é o de Canguçu, já que o Município que tinha pouco mais de 53 mil pessoas há 12 anos passou a ter neste momento 49,6 mil. Mais do que perder quase quatro mil habitantes, com este encolhimento populacional a cidade deve perder também arrecadação, já que passa a uma faixa inferior de repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), verba essencial para custeio na maioria das Prefeituras. Canguçu, aliás, que chegou a contar com 62,4 mil pessoas na década de 1970, voltou a registrar redução de moradores após dois Censos em que a curva era ascendente (2000 e 2010).
Embora as explicações para estas quedas populacionais, sobretudo em médias e grandes cidades, ainda vá levar um tempo diante da necessidade de análise mais aprofundada dos novos dados a serem liberados, fica evidente que, no caso da Zona Sul - notadamente seus principais municípios - há uma fuga de moradores. A partir de agora, pelo menos, isso deixa de ser apenas uma percepção. Há dados elencados com método científico - apesar do atraso e das tentativas de boicote - para que o poder público e toda a sociedade se debrucem para compreender e, se necessário, promover ações que tornem as cidades, sobretudo no sul do RS, melhores e mais atrativas.
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